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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Falta de padrão, rixas com diretoria e atletas: a crônica da saída de Leão

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Em oito meses, técnico cansou de criticar jogadores em público, ironizou dirigentes e não conseguiu montar um time forte. Sai sem deixar saudade


Emerson Leão foi apresentado no São Paulo no dia 24 de outubro de 2011. Chegou para assumir um time completamente perdido em campo e que, pior, tinha péssimo comportamento no vestiário. O recado da diretoria era claro: usar o pulso firme para colocar o time na linha e baixar a bola de vários atletas que causavam problemas na época, como Jean, Dagoberto e Marlos. No mesmo dia, ele seguiu para o Paraguai para comandar a equipe na partida contra o Libertad, pela Copa Sul-Americana. A derrota por 2 a 0 causou a primeira eliminação logo de cara.

Sobrava então o Campeonato Brasileiro. O time lutava por uma vaga na Taça Libertadores de 2012. Apesar da postura firme nos treinos, a melhora tão esperada não aconteceu. A ponto de o presidente Juvenal Juvêncio detectar que o problema era o elenco, e não o treinador. Virou o ano, Leão teve seu contrato renovado por mais uma temporada e o elenco foi reformulado. Saíram dez atletas e chegaram outros oito.

Após uma campanha boa na primeira fase do Campeonato Paulista, veio o primeiro revés: a derrota na semifinal para o Santos de Neymar. Leão teve, então, de engolir seu primeiro problema: o afastamento do zagueiro Paulo Miranda, ordenado pelo presidente Juvenal Juvêncio. Leão foi contra, mas teve de aceitar. O atleta não disputou os jogos contra a Ponte Preta, pela Copa do Brasil, mas voltou logo depois.

Veio então a segunda decisão na temporada: a Copa do Brasil. O São Paulo pecava pela falta de padrão de jogo, peças não funcionavam, mas, como o time seguia vencendo, o momento era de apoio. A derrota por 2 a 0 para o Coritiba transformou tudo em um pesadelo: acabou a paciência da torcida, que protestou no último sábado, contra a Portuguesa e pediu a saída do treinador e do presidente Juvenal Juvêncio. Pressionado, o dirigente resolveu agir e, nessa terça-feira, após oito meses, demitiu Emerson Leão.

Divergências com dirigentes e jogadores

Durante todo o período em que trabalhou, Leão nunca foi unanimidade entre dirigentes e jogadores. Com os comandantes, os problemas eram com o diretor de futebol, Adalberto Baptista, com quem Leão conversava somente o necessário. O dirigente fazia questão de ressaltar que o trabalho do treinador limitava-se ao campo. Por isso, Leão não podia dar pitacos em contratações, por exemplo.

Com os jogadores, também ocorreram problemas. A começar pelo goleiro e capitão Rogério Ceni. As duas partes nunca se deram bem. Na época em que se machucou na pré-temporada no CT de Cotia, o camisa 1 não gostou nem um pouco de saber que o treinador chegou a fazer piadas na entrevista coletiva, afirmando que o goleiro se machucou fazendo a barba. Rogério nunca externou isso publicamente, mas confidenciou a amigos que o excesso de treinos em Cotia ocasionou a lesão, que ainda não permitiu que ele jogasse em 2012.

Luis Fabiano e Lucas também não viviam bem com o treinador. Rhodolfo, semanas antes da Copa do Brasil, pediu para ficar fora de uma partida porque estava com medo de sofrer uma lesão muscular. Seu pedido não foi atendido e, em algumas rodadas, ele precisou tomar injeções de anti-inflamatório para jogar. Até que na véspera do jogo contra o Bahia, no Morumbi, foi sacado da lista dos relacionados no dia da partida e ficou duas semanas em tratamento. O comportamento do treinador, que a cada derrota fazia críticas públicas ao time, também era bastante criticado pelos atletas.

Na última terça, Leão nem foi a campo para comandar o treino. Decidiu como seria a semana de trabalho e depois foi ao barbeiro do CT da Barra Funda para cortar o cabelo. Lá, foi comunicado por um funcionário que deveria subir na sala da presidência para conversar com Juvenal Juvêncio. Demitido, nem se despediu dos atletas.

Fonte: Globo Esporte


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