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Em oito meses, técnico cansou de criticar jogadores em público, ironizou
dirigentes e não conseguiu montar um time forte. Sai sem deixar saudade
Emerson Leão foi apresentado no São Paulo no dia 24 de outubro de 2011.
Chegou para assumir um time completamente perdido em campo e que, pior,
tinha péssimo comportamento no vestiário. O recado da diretoria era
claro: usar o pulso firme para colocar o time na linha e baixar a bola
de vários atletas que causavam problemas na época, como Jean, Dagoberto e
Marlos. No mesmo dia, ele seguiu para o Paraguai para comandar a equipe
na partida contra o Libertad, pela Copa Sul-Americana. A derrota por 2 a
0 causou a primeira eliminação logo de cara.
Sobrava então o Campeonato Brasileiro. O time lutava por uma vaga na
Taça Libertadores de 2012. Apesar da postura firme nos treinos, a
melhora tão esperada não aconteceu. A ponto de o presidente Juvenal
Juvêncio detectar que o problema era o elenco, e não o treinador. Virou o
ano, Leão teve seu contrato renovado por mais uma temporada e o elenco
foi reformulado. Saíram dez atletas e chegaram outros oito.
Após uma campanha boa na primeira fase do Campeonato Paulista, veio o
primeiro revés: a derrota na semifinal para o Santos de Neymar. Leão
teve, então, de engolir seu primeiro problema: o afastamento do zagueiro
Paulo Miranda, ordenado pelo presidente Juvenal Juvêncio. Leão foi
contra, mas teve de aceitar. O atleta não disputou os jogos contra a
Ponte Preta, pela Copa do Brasil, mas voltou logo depois.
Veio então a segunda decisão na temporada: a Copa do Brasil. O São
Paulo pecava pela falta de padrão de jogo, peças não funcionavam, mas,
como o time seguia vencendo, o momento era de apoio. A derrota por 2 a 0
para o Coritiba transformou tudo em um pesadelo: acabou a paciência da
torcida, que protestou no último sábado, contra a Portuguesa e pediu a
saída do treinador e do presidente Juvenal Juvêncio. Pressionado, o
dirigente resolveu agir e, nessa terça-feira, após oito meses, demitiu
Emerson Leão.
Divergências com dirigentes e jogadores
Durante todo o período em que trabalhou, Leão nunca foi unanimidade entre dirigentes e jogadores. Com os comandantes, os problemas eram com o diretor de futebol, Adalberto Baptista, com quem Leão conversava somente o necessário. O dirigente fazia questão de ressaltar que o trabalho do treinador limitava-se ao campo. Por isso, Leão não podia dar pitacos em contratações, por exemplo.
Durante todo o período em que trabalhou, Leão nunca foi unanimidade entre dirigentes e jogadores. Com os comandantes, os problemas eram com o diretor de futebol, Adalberto Baptista, com quem Leão conversava somente o necessário. O dirigente fazia questão de ressaltar que o trabalho do treinador limitava-se ao campo. Por isso, Leão não podia dar pitacos em contratações, por exemplo.
Com os jogadores, também ocorreram problemas. A começar pelo goleiro e
capitão Rogério Ceni. As duas partes nunca se deram bem. Na época em que
se machucou na pré-temporada no CT de Cotia, o camisa 1 não gostou nem
um pouco de saber que o treinador chegou a fazer piadas na entrevista
coletiva, afirmando que o goleiro se machucou fazendo a barba. Rogério
nunca externou isso publicamente, mas confidenciou a amigos que o
excesso de treinos em Cotia ocasionou a lesão, que ainda não permitiu
que ele jogasse em 2012.
Luis Fabiano e Lucas também não viviam bem com o treinador. Rhodolfo,
semanas antes da Copa do Brasil, pediu para ficar fora de uma partida
porque estava com medo de sofrer uma lesão muscular. Seu pedido não foi
atendido e, em algumas rodadas, ele precisou tomar injeções de
anti-inflamatório para jogar. Até que na véspera do jogo contra o Bahia,
no Morumbi, foi sacado da lista dos relacionados no dia da partida e
ficou duas semanas em tratamento. O comportamento do treinador, que a
cada derrota fazia críticas públicas ao time, também era bastante
criticado pelos atletas.
Na última terça, Leão nem foi a campo para comandar o treino. Decidiu
como seria a semana de trabalho e depois foi ao barbeiro do CT da Barra
Funda para cortar o cabelo. Lá, foi comunicado por um funcionário que
deveria subir na sala da presidência para conversar com Juvenal
Juvêncio. Demitido, nem se despediu dos atletas.
Fonte: Globo Esporte
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