A ausência de outros convidados transformou a audiência pública sobre a venda dos direitos de TV do Brasileirão num duelo entre Corinthians e São Paulo, únicos clubes que enviaram representantes. Em cerca de três horas, o corintiano Andrés Sanchez e o são-paulino José Francisco Manssur, advogado do clube do Morumbi, trocaram diversas provocações, ironias e debateram acaloradamente, mas mostraram tanta sintonia que até emendaram um almoço juntos.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR), presidente da Comissão de Educação Cultura e Esporte, deu o pontapé ao apresentar os representantes das duas equipes. “Manssur me disse que o São Paulo é mais intelectualizado e que se encontra num patamar mais avançado do que o Corinthians”.
“É mais intelectualizado, e nós somos maioria em todos os setores, nos bons e nos ruins”, respondeu Andrés.
O corintiano também provocou Juvenal Juvêncio, que tentará o seu terceiro mandato, apesar de o estatuto do clube só permitir dois. “Meu clube não permite reeleição. Espero que o São Paulo como clube-modelo também não permita”, disparou.
Apesar de a Copa do Mundo de 2014 não estar na pauta, Manssur criticou o uso de dinheiro público na construção dos estádios, enquanto Andrés ria e balançava a cabeça para os lados. Quando teve a palavra para responder a perguntas dos senadores, o corintiano voltou ao assunto. “O São Paulo fala da Copa. Dois anos atrás, estava tudo certo, a abertura seria no Morumbi e eles se davam bem com a Fifa. Mas perderam o Morumbi e começaram a reclamar. Tem que parar de hipocrisia”, cutucou Sanchez.
Outro round envolveu o uso do Morumbi pelo Corinthians. Manssur lembrou que o estádio era deficitário em 2002 e hoje dá um lucro milionário. “Pode melhorar se o Corinthians voltar a jogar lá”, completou o são-paulino. Andrés rebateu: “O São Paulo já dependeu do Corinthians em seu estádio, não depende mais. É uma evolução da administração. Agora, nunca mais jogaremos no Jardim Leonor”.
Em seguida, o representante são-paulino lembrou que Andrés deixará a presidência em dezembro e que mesmo assim tem autonomia para falar eternamente pelo clube, fazendo referência às decisões sobre o futuro estádio. O corintiano caminhava para o banheiro quando ouviu a provocação e soltou um palavrão em voz baixa.
Já no fim da sessão, Requião voltou a colocar lenha na fogueira perguntando se a relação entre os dois era namoro ou amizade. “Vocês sabem para quem eu torço e para quem ele torce”, disse Andrés. “Isso no vôlei dá confusão”, devolveu Manssur, lembrando o caso de homofobia na partida entre Sada Cruzeiro e Vôlei Futuro.
“Foi uma pena os outros dirigentes não aparecerem. A audiência ficou polarizada na disputa entre São Paulo e Corinthians”, resumiu a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), que sugeriu a audiência.
Apesar das provocações, Andrés e Manssur mostraram estar alinhados em vários pontos. Concordam, por exemplo, que a venda de bebidas alcoólicas nos estádios deve ser liberada e que os dirigentes devem ser responsabilizados por suas gestões nos clubes, além de diversos assuntos relativos ao Clube dos 13 e a disputa pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro.
O clima de namoro ou amizade, como disse Requião, terminou com um almoço após a saída apressada de Andrés do Senado. "Até pela diferença hierárquica, espero que ele pague", brincou Manssur.
Fonte: UOL
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