"Ela e Deus me
ajudaram bastante, principalmente naquele lance. Não foi sem querer, eu
estava sabendo que iria fazer o gol..."
contou Denilson
Denilson não fez sozinho o golaço contra o Palmeiras. Engana-se quem
pensa que o preciso chute saiu de seu pé direito e foi direto para o
ângulo esquerdo do gol de entrada do Morumbi. No meio do caminho, uma
pessoa muito especial para o volante teve participação decisiva.
Luciene
Maria Pereira, mãe do camisa 15, morreu em 1998. Lila, como era
chamada, tinha o sonho de ver seu filho jogando e marcando um gol pelo
São Paulo, clube que torcia. Mas o coração são-paulino dela não resistiu
a um problema cardíaco e veio a falecer quando Denilson tinha dez anos.
O jogador só foi saber do desejo da mãe alguns anos depois, por meio de
seu pai, já que Lila não teve tempo de contar.
– Ela e Deus me
ajudaram bastante, principalmente naquele lance. Não foi sem querer, eu
estava sabendo que iria fazer o gol. Mas daquela forma, onde a bola
entrou, foi uma coisa que acho que minha mãe colocou a mão na bola e fez
assim: “Entra ali, que com certeza vão aplaudi-lo”. Dito e feito –
contou Denilson, em entrevista ao LANCENET!, nesta terça-feira.
O
volante, que já chegou a ser capitão do Tricolor nesta temporada, teve a
vida completamente mudada depois do triste fato, cuja a data exata é
lembrada sem fazer nenhum esforço: 6 de janeiro de 1998. As lembranças
da mãe não estão apenas na memória. Ele fez uma tatuagem no braço
direito em homenagem a ela (confira os detalhes abaixo).
Pereira,
como o pai de Denilson é conhecido, também ajudou no primeiro gol pelo
São Paulo. Ele sempre foi um dos incentivadores para que o filho
chutasse de longe. Assim que dominou a bola para chutar, os pedidos do
pai foram lembrados
O golaço de Denilson foi novidade para os
são-paulinos, mas ele se acostumou a marcar de fora da área no Arsenal
(ING), clube pelo qual jogou cinco temporadas. E para onde pode voltar
no meio do ano que vem, quando termina o contrato de empréstimo com o
Tricolor. Mas isso não é o que ele quer. Questionado se gostaria de
permanecer para sempre no Morumbi, a paixão falou mais alto do que a
razão:
– Vontade eu tenho (pausa). Não sei nem se devo falar
isso, mas eu gosto de jogar no São Paulo. Gosto não, sei lá. É um
carinho diferente, é um carinho especial que tenho pelo clube. Quando eu
coloco o manto, eu sou outro Denilson em campo.
Denilson, 24
anos, estará em campo nesta quarta-feira contra o Vasco para o seu 90º
jogo pelo clube. E ele promete a mesma vontade do primeiro.
A tatuagem
Denilson
tatuou em inglês: Luciene, the brightest star in the sky. Em português,
significa: Luciene, a estrela mais brilhante no céu.
Confira um Bate-Bola com Denilson, em entrevista ao LANCENET!:
O que tem de especial para fazer todos os jogadores irem abraçá-lo no símbolo do São Paulo?
Não
tem nada de especial, não (risos). É o carinho de todos os jogadores.
Fui criado aqui no São Paulo, saí com 18 anos, voltei no ano passado.
Tive um ano complicado com expulsões e este ano dei a volta por cima.
Então, é por essas coisas, por tudo que já se passou comigo aqui, as
pessoas têm um carinho. Sempre me dediquei ao máximo aqui no clube,
sempre sonhei e voltei para cá com duas coisas na cabeça: quero ser
campeão e pretendo fazer um gol pelo profissional e, graças a Deus, fui
presenteado contra o Palmeiras. E a homenagem foi para a minha mãe.
Minha mãe sempre falava que queria me ver um dia jogando pelo São Paulo e
que iria fazer um gol. Quando meu pai me disse isso, falei que subiria
no símbolo para dedicar a ela, que está no céu. Naquele momento em que
fui comemorar, todos os jogadores foram lá me abraçar e isso é uma
gratificação muito grande para mim. .
.
.
Ela não teve tempo de contar para você esse sonho dela?
Não,
ela não teve a chance de me falar. Ela falava para as amigas dela.
Quando minha mãe morreu, eu tinha dez anos de idade. Quando morreu, dia 6
de janeiro, um ano e um mês depois, no dia 8 de fevereiro de 1999, já
fui chamado para estar na base do São Paulo. Então foi uma coisa de
Deus, uma coisa que me deixou muito triste, mas outra coisa que acaba
nos levantando. Enfim, o carinho que tenho pelo São Paulo é tudo do
passado, da minha família, todo mundo são-paulino, meu pai, minha mãe,
meus irmãos, todo mundo. E eu criei esse carinho aqui dentro.
O que mudou a partir do momento em que ela faleceu?
Mudaram
muitas coisas. Quando você perde uma pessoa que ama, muitas coisas
mudam. Se ela estivesse viva hoje não sei se eu seria o Denilson que eu
sou hoje, não sei se eu seria o Denilson do São Paulo hoje, eu não sei.
Sei que perdi ela desde pequeno e até hoje faz falta. Às vezes, fico em
casa sozinho e começa a passar muitas coisas na cabeça, de quando
brincava, às vezes chegava até a cantar música para ela. Essas
recordações boas que tenho na mente. E isso me ajuda, sim. Minha mãe e
meu pai são as minhas motivações. São as pessoas mais importantes para
mim. Quando estou chateado, procuro pensar nos dois e isso me fortalece.
Se dependesse só de você, já renovaria seu contrato?
Exatamente,
mas não sei se isso vai ser possível. Eu não sei se o Arsenal vai
querer que eu volte. Talvez queira que volte de qualquer maneira. Vai
depender da diretoria. Deixo isso para eles resolverem com o meu
advogado. Vou focar só no meu trabalho aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário