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Desde que voltou, Ceni sente a coxa esquerda, mas atuou em todos os jogos. Ele quer salvar o ano para renovar seu contrato
Desde que sofreu a grave e maior lesão de carreira no ombro direito
no início do ano, Rogério Ceni deixou claro que só ficaria mais tempo no
São Paulo (tem contrato até dezembro) se o desempenho do time na
temporada fosse bom e se ele se sentisse bem para romper a barreira dos
40 anos (faz em janeiro de 2013). Por enquanto, a cúpula diz que vai
tratar da renovação a partir de outubro.
São só apenas seis
partidas com o capitão de volta. O que começou bem, com três vitórias
seguidas, mudou. Agora, a sequência é de três derrotas. Além dos
tropeços do Tricolor, Ceni errou em dois lances (Fluminense e Náutico)
que resultaram em gol. Motivo para o são-paulino, que viu esperanças ao
ter o camisa 1, voltar a ficar preocupado com o futuro. Pelo quarto ano
seguido, o Morumbi pode não receber uma taça em seu memorial.
Para melhorar a situação do São Paulo, Rogério tem jogado no sacrifício. A reportagem do LANCENET!
apurou com pessoas próximas ao goleiro que ele, desde a volta frente ao
Flamengo, no último dia 29, sente dores na coxa esquerda. Na
oportunidade, chegou a reclamar do problema, que foi tratado e persiste.
Para isso, além do trabalho no campo, ele tem feito mais do que os
outros jogadores os exercícios de reforço muscular no Reffis.
Ceni
ainda não se sente 100% em relação ao ritmo de jogo, o que só deve
acontecer com mais três ou quatro partidas. Mesmo assim, entende que sua
presença em campo, principalmente pela liderança e respeito dos
companheiros, pode ajudar. Ele também se considera bem tecnicamente, mas
sabe que pode evoluir. O goleiro não se imagina fora do time neste
momento delicado, até porque está em jogo seu futuro no clube onde está
prestes a completar 22 anos da sua chegada.
As deficiências do
Tricolor estão escancaradas. Diante do Náutico, o camisa 1 levou três
gols, mas fez seis defesas. Desde a volta, foi o duelo em que mais
trabalhou. A outra foi contra o Grêmio, em nova derrota, quando pegou
três bolas. Diante de Flamengo e Fluminense, por exemplo, só observou.
Vitória contra o primeiro, mas derrota para o segundo, quando o time foi
bem. Neste sábado, chance de reabilitação contra a Ponte.
Haroldo Lamounier (preparador de goleiros do São Paulo)
Falei
pouco com o Rogério depois do jogo. Geralmente, comentamos mais no dia
seguinte, mas ontem não tivemos treino e devemos fazer isso hoje.
Ele
recebeu uma pressão grande durante toda a partida. Foram muitas bolas
cruzadas, em profundidade, daí fica difícil para o goleiro. Ele
trabalhou bem, fez boas defesas, mas errou em um lance. O cruzamento foi
rápido, difícil, com a bola variando, o que complicou sua saída.
Depois, ninguém conseguiu tirar a bola, que acabou indo para o gol.
O
Rogério tem trabalhando normalmente, sem nenhuma limitação de
movimento. Aos poucos, está adquirindo o melhor ritmo de jogo, mas tudo
dentro do que está sendo programado para ele. No dia a dia, reveza entre
campo e o fortalecimento muscular, que é importante para manutenção.
Zetti (goleiro do São Paulo entre 1990 e 1996)
O
gol sofrido contra o Náutico, o Rogério teve uma falha técnica, que é
perfeitamente corrigível com o decorrer dos treinamentos. Outra coisa é
em relação a saída dele do gol. A bola é para o goleiro socar, mas ele
saiu com o braço encolhido evitando o choque com os atacantes.
Eu
também já fiz gol contra. Não lembro o sofrido pelo São Paulo, mas
quando estava no Fluminense levei um no lance em que o atacante fez
falta em mim puxando a minha camisa e o árbitro não marcou. Talvez daqui
para frente, o Rogério possa diminuir a carga de partidas. De repente
pode atuar uma vez por semana e se resguardar para os treinamentos e
condição física. Sobre a aposentadoria, só ele vai saber o momento,
independente da situação da equipe. Parei porque não conseguia mais
atuar em alta performance.
Gilmar Rinaldi (goleiro do São Paulo entre 1985 e 1990)
Não
é fácil para ninguém ficar seis meses sem jogar, para um goleiro é
ainda mais difícil. A falha acontece e o crédito do Rogério Ceni é
imensamente maior do que isso. Quanto mais ele jogar e maior for o ritmo
de jogo dele nesse retorno, os erros vão desaparecendo.
Quando
o adversário faz um cruzamento na área, é como se o goleiro tivesse uma
calculadora em mãos e tivesse de fazer as contas muito rapidamente.
Porque é preciso calcular a velocidade, a parábola e onde a bola vai
cair, tudo isso em questão de segundos. Agora, o mérito dele é de sair
do gol. Seria muito mais fácil ficar parado na linha esperando o que
aconteceria na jogada, mas aí ele se tornaria um goleiro comum, o que
ele está longe de ser. Eu conheço o Rogério, ele é diferenciado e vai
continuar saindo do gol.
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