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Casemiro mudou. Não só de condição social, com sua ascensão no São Paulo, razão de uma substancial valorização de contrato, mas também de comportamento. A timidez, revelada com o olhar para o chão a cada vez que o repórter Bruno Quaresma lhe fazia as perguntas de sua primeira entrevista para o LANCE!, deu lugar à indiferença. De Cotia para a Seleção Brasileira, da humildade do gesto singelo de outrora à disciplicência no gramado.
Esse é o resumo da uterina trajetória de um volante deveras talentoso, mas que altera o comportamento com a mesma capacidade com que pode mudar uma partida. A derrota para o Flamengo, no último domingo, é o exemplo negativo.
Nos minutos iniciais do embate, até conduziu a bola com a precisão que lhe é característica, por pelo menos duas vezes, do meio de campo à intermediária dos cariocas. Uma forma de jogar interessantíssima, diferenciada, tradicional nas grandes equipes europeias.
Mas, e para Casemiro sempre tem um mas, pouco tempo depois a inspiração deu lugar ao seu lado Cristiano Ronaldo de tentar jogadas de efeito em momentos inadequados. Resultado: irritou a torcida e a partir daí não jogou mais. Foi isso até ser substituído no segundo tempo, apagadíssimo a essa altura do campeonato.
Por outro lado, e vejam só, Casemiro foi o melhor jogador, o melhor!, nos momentos felizes da equipe no Brasileirão, na arrancada de cinco vitórias nas cinco primeiras rodadas da competição. Foram dois gols neste período (contra Atlético-MG, na vitória por 1 a 0 fora de casa e Grêmio, 3 a 1 dentro de casa). Além disso, ainda marcou contra o Internacional, no Beira-Rio, na vitória por 3 a 0 pela décima rodada.
Tudo isso antes de ir para o Mundial Sub-20, no qual foi campeão e ganhou ainda mais moral, e após ter protestado contra a falta de valorização que deveria chegar, em sua opinião, com a conquista do Sul-Americano da categoria, no começo do ano.
Mas Casemiro tem sido isso, essa incostância. Seu futebol, a julgar pelas últimas atuações, parece que estagnou. Isso porque voltou da Sub-20 com a valorização que pediu e, vejam só, marcou apenas um gol (contra o Ceará, no 4 a 0, no Morumbi), sem lembrar, nem de longe, as boas atuações que lhe deram a condição de titular do time. Grande mudança.
Há, porém, um aspecto que se mantém em Casemiro. Assim como em sua primeira entrevista, ele ainda se utiliza do mesmo recurso quando se aproxima de um jornalista. No entanto, a timidez no desvio do olhar já não existe mais. Nem de longe. Mas, ainda há tempo para mudar. Porque sempre existe um mas. Ainda mais se tratando de Casemiro.
Por: Marcio Porto/Lancenet
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